Introdução:
Sucesso absoluto em suas duas primeiras edições, Battlefield conseguiu sua supremacia no mundo multiplayer com certa facilidade, predominando nas salas online e lan-houses do mundo inteiro em suas primeiras edições. No 1942, foram tantos usuários que experimentaram se enfrentar num conflito frenético baseado na II Guerra, que a EA sentiu que uma nova seqüência poderia fazer sucesso, mas caberia a mudança do contexto do jogo, considerando que manter o batido assunto poderia saturar o gosto dos fãs.
Foi quando Vietnam foi muitíssimo bem aproveitado, demonstrando acima de tudo como eram as batalhas em meio às florestas e pântanos do oriente, repassando a dificuldade daquela época de um país que queria invadir, e do outro que estava pronto para dar o seu máximo para evitar a invasão. E sabendo que a cada novo título a série poderia se consolidar, a empresa mais uma vez pensou num conflito persuasivo e que instigasse o interesse de novos curiosos, podendo repetir a diversão para os que já o haviam experimentado. Battlefield 2 não chega ao mercado somente por retratar as divergências contemporâneas e políticas entre nações, mas sim por trazer uma renovação em seu sistema gráfico e jogabilístico. Ansiado por muitos, a promessa da Eletronic Arts junto à criadora da série Digital Illusions pode ser a nova palavra em batalhas multiplayer, ressaltando o respeitável currículo que esta série já alcançou.
Jogabilidade:
Distinguindo-se de seus antecessores, o jogador agora tem em mãos as modernas armas de ataque de 3 nações: americana, chinesa e uma fictícia coalizão do Oriente Médio. O arsenal, que conta com dezenas de armas verídicas variadas até o limite, tem ricas características e potências peculiares. Logicamente cada engenho está ligado com a função de seu personagem, conhecido pelas convencionais importância: médico, engenheiro, forças especiais, assalto, apoio e antitanque. A boa movimentação, característica da série, se faz presente nas habilidades dos BOTs, que apesar de um leve incremento se comparado a versão anterior, cometem erros universais e não oferece tanto desafio. Independente do nível de dificuldade, suas habilidades não se alteram em quase nada, o que não proporciona guerras intensas por muito tempo; o multiplayer continua sendo a melhor experiência.
O controle parece ter se adequado a um estilo mais frenético e objetivo, como deve ser, dando uma melhor impressão em relação a outros títulos concorrentes. A quantidade de veículos não chegou a ter um acréscimo significativo. Porém, jatos extremamente rápidos e poderosos, tanques hovercrafts resistentes e flexíveis, e jipes velozes e práticos fazem parta das escolhas destes engenhos de transporte. Para combater tantas máquinas motorizadas, uma nova leva de armamento fixo também foi introduzida, permitindo ataques antiaéreos com mísseis perseguidores e uma enorme quantidade de bazucas que perfuram qualquer lataria. Devido à grandeza de muitos dos cenários, se distinguindo radicalmente da densa mata observa em Vietnam, ficar a pé passa a ser um incômodo, considerando os muitos quilômetros que cada ambienta ostenta. Além de um visual mais clean (longe de mata excessiva), os cenários propiciam a movimentação dos veículos, o que aumenta as batalhas entre as máquinas e condena os que resolvem investir sozinhos a pé. Logicamente, pilotar um helicóptero pode não ser tão simples e, mesmo ressaltando a flexibilidade que uma máquina dessa é capaz, voar desta forma pode ser bacana, mas com um fim certo de que não irá durar muito.
Uma das grandes novidades do game é uma espécie de carreira que pode ser edificada, com direito a pontuação (mais detalhes em multiplayer) conforme sua performance, e bonificações simbólicas. No single-player, esse tipo de carreira não pode ser colocado em prática, servindo apenas como batalhas para treinamento ou diversão instantânea. Uma renovada física também agrada, demonstrando excelente interação de bombas explosões - que são muitas - com corpos que esvoaçam e caem conforme a força do impacto.
Entretanto o preço de tantas novidades e belezas do novo Battlefield está na conclusão de um título extremamente pesado, que desaponta até mesmo aqueles os jogam com freqüência. Para simplesmente carregar uma das fases, mesmo máquinas que possuam um hardware bem acima da média podem levar quase dois minutos para concluir o seu carregamento, encontrando outro empecilho logo à frente: um visual que também não economiza esforços (ver em Gráficos).
Áudio:
Deixando de lado a fantástica trilha sonora de Battlefield Vietnam, que permitia ouvi-la dentro de qualquer veículo, em BF2 as músicas só marcam presença nas telas de menus, loading e no final de cada partida que toca uma espécie de "hino" modificado da nação que saiu vencedora. Pode parecer uma notícia frustrante para os jogadores do game anterior, onde o recurso foi muito bem explorado, mas, na prática, a falta de músicas em meio à partida nem é notada (e mesmo se houvesse a possibilidade de ouvi-las, certamente a grande maioria optaria por desligá-las), devido ao show sonoro promovido pelos tiros, explosões, passos, veículos e tudo mais. E é muito importante ficar de ouvido atento, pois além de identificar a posição e distanciamento de veículos inimigos e rajadas de tiros, pode lhe salvar a vida ao ouvir uma granada batendo no chão jogada por um soldado escondido do exército oposto.
A maior novidade no quesito áudio, porém, está na inclusão do suporte à comunicação de voz por IP dentro do jogo, o que dá ênfase ao uso de um headset de fone de ouvido com microfone. Por mais que existam utilitários independentes que façam o mesmo serviço, a inclusão da opção in-game facilita a vida dos jogadores, ainda mais porque os comandos são bastante simplificados.
Multiplayer:
Se no single-player o incômodo de esperar minutos para que uma fase carregue predomina, no modo multijogador este tempo pode trazer ainda mais desconforto. Isso porque, além da própria demora usual para iniciar o cenário, o simples fato de selecionar qualquer tipo de game na listagem das batalhas gasta bons segundos de espera apenas para verificar quais as condições atuais da sala (ping, tipo de jogo, quantos participantes estão online, mapa, etc.). Afora este pequeno detalhe, que pode causar a decepção de muitos, o multiplayer é sem dúvida a tônica do game, trazendo congestionamento e muito assédio por usuários de todo o mundo em questão logo nas primeiras semanas.
Excitante como se esperava, Battlefield 2 empolga até os que não vêem sentido em matar sem um enredo, suportando simultaneamente até 64 jogadores por mapa. Um dos novos recursos do game é a possibilidade de subdivisões dentro de cada time, sendo possível sugerir ou agregar diversos Squad System que são literais esquadrões formados por um líder e outros soldados de qualquer classe. Além disso, é possível eleger um Comandante (Commander) que tem quatro funções exclusivas: o scan (que rastreia todo o mapa e mostra a posição dos inimigos por alguns segundos), a artilharia (que despeja um ataque certeiro sobre certa região), o UAV (que rastreia uma área restrita por um período determinado) e o Suprimento (que entrega uma caixa num ponto escolhido que fornece munição e cura de danos a todos os soldados que se aproximarem dela). Cada uma dessas funções deve ser utilizada com muito tato, pois leva um certo tempo para tê-las disponíveis novamente, e elas podem fazer a diferença para alcançar a vitória. O bacana é que qualquer um pode se candidatar a ser o Commander, mas os outros da equipe devem lhe aceitar para que você seja eleito, e caso não esteja executando suas funções corretamente, os integrantes podem pedir a sua cabeça e lhe tirar do comando.
Fazendo estas sub-divisões dentro de cada exército, a ferramenta de comunicação por voz dentro do game, que comentamos no quesito de áudio, fica ainda mais interessante, pois para não permitir que a jogabilidade virasse uma zona, com até 32 pessoas falando ao mesmo tempo, o game faz com que o Commander se comunique apenas com os líderes de cada esquadrão, e estes passam as ordens aos membros do seu grupo, tornando a comunicação muito mais organizada e eficiente para quem sabe jogar em equipe. E nunca um teamplay foi tão importante e decisivo: quanto maior for a organização da equipe, melhor resultado ela terá. Em pouco tempo, já deu para notar o enorme número de clãs surgindo em todo o mundo, revelando o interesse dos jogadores em jogar de maneira mais responsável.
Para os iniciantes, a dica é jogar pelo menos umas 2 ou 3 vezes cada mapa em single-player para não ficar totalmente perdido, e em seguida é partir pro multiplayer, ganhar mais experiência e tentar ingressar num time o quanto antes, pois se colocar como um errante durante as batalhas pode não ajudar na reputação do seu personagem. E esta reputação agora pode ser vista por todos, pois agora existe um rank online que mostra a sua conta, na qual se acumulam pontos conforme sua performance nas partidas online e o que o torna renomado pelas vezes triunfadas. E os pontos não valem só por quanto você matou ou morreu, mas também repercutem pelos pontos de equipe, que são obtidos com relação a quantos você ajudou no seu time, e valem mais do que as mortes de inimigos; quem matar 20 inimigos e obtiver 20 pontos de teamplay ao lado de sua equipe, por exemplo, será mais bem pontuado no final do jogo do que aquele que cometer 40 assassinatos com uma participação nula dentro do time.
Para ter seus dados computados no ranking online, porém, é preciso jogar nos servidores oficiais (que são chamados de Ranked Servers) que até existem em bom número em alguns países, mas no Brasil por enquanto só existem 3 do (provedor Terra), que permanecem boa parte do dia lotados, exigindo do jogador alguma insistência para conseguir entrar. Mas a boa notícia é que, diferentemente de alguns games do estilo, é possível jogar BF2 com boa resposta em boa parte dos servidores internacionais, mantendo um ping entre 200 e 250 ms. Existe a previsão para uma expansão dos Ranked Servers brasileiros, mas não há nada certo até agora. O ranking, além de servir como parâmetro para comparar a performance dos melhores jogadores em todo o mundo, também pode lhe fornecer medalhas por grandes performances e promete a liberação de novas armas entre outras exclusividades para quem conseguir atingir determinadas pontuações.
Gráficos:
Baseado numa renovada engine, os gigantescos mapas de BF 2 exibem diferenças notáveis para com seus últimos títulos. Um visual mais limpo que varia de pântanos, ilhas, pequenas cidades árabes, desertos e, porque não, locais levemente arborizados, ditam os novos ambientes do game, soberbos e exuberantes em detalhes. Um excelente efeito aquático e reflexo impressiona pela beleza, e a infinidade de sombras não peca com a luz solar, presente em muitos dos cenários. A predominância do sol só não se faz maior, pois há uma disputa de espaço com uma grossa e insistente neblina, inimigo dos próprios inimigos, e o pesadelo para aviões e helicópteros, que devem agir às cegas e na confiança de radares e rádios. Outro fator interessante é que todos os mapas possuem caminhos alternativos e rotas semi-escondidas, oferecendo várias opções de se chegar ao mesmo lugar, o que dificulta a marcação do jogador, que não tem como obter 100% de certeza que está olhando pro lado certo a espera do inimigo.
Skins, armas e veículos bem trabalhados agradam os jogadores que contam com um ótimo visual, não muito comum em games voltado para o multiplayer. Poeiras e explosões reagem coerentemente conforme os disparos, e impressionam pela força com que surgem e destroem. Mas para que o usuário tenha tudo isso (ou ao menos um pouco), o investimento é alto e deve ser pensado se é viável. Com uma requisição mínima para uma placa de vídeo de Geforce FX 5700 ou uma Radeon 8500, sem mencionar os demais componentes que também beiram o abusivo, Battlefield 2 não é apenas bonitinho, porém absurdamente pesado. Quem tem um sistema mais avançado consegue rodá-lo com boa fluidez, mas para outros menos afortunados pode ser a desistência já que, mesmo em baixas resoluções e efeitos desligados, podem se frustrar com uma baixa performance.
Conclusão:
Aclamado no passado, e tão esperado para este recente futuro, Battlefield 2 chega às prateleiras com o apoio de fãs e afins, mostrando que a série não perdeu a pose. A produção da Digital Illusions, com o apoio da EA, mostrou mais uma vez como se fazer um game voltado exclusivamente ao modo online, colocando em BF2 qualidades únicas que o título introduziu ao gênero. Dar importância e recompensas pela boa atuação nas batalhas multiplayer foi a grande idéia da empresa, que ao permitir uma carreira com esquadrões e líder, fez da sua enorme leva de aficionados um vício para aqueles que já eram propensos a estarem disputando batalhas pela Internet, gerando um novo pretexto para eles se dedicarem ainda mais. Inquestionavelmente, o upgrade visual trouxe novo gás ao game, e se por um lado o inclui na lista dos títulos mais exuberante do gênero FPS da atualidade, por outro peca pela seu peso e demora ao se carregar uma partida.
Há quem diga que Battlefield 2 seja uma experiência para elite, considerando suas excelentes virtudes, porém ao alcance de quem realmente ostenta um computador de ponta. Contudo, não há como não dizer que este é um título próximo a virar uma tendência, e que em poucas semanas só no Brasil, conseguiu grandes vendas e uma boa presença de brazucas no cenário mundial dos servidores pela Internet.