A Intel, através de seu CTO Justin Rattner, revelou durante a IDF 2011, detalhes do enigmático processador experimental baseado em Inteligência Artificial (IA), capaz de trabalhar com uma quantidade praticamente irrisória de energia.
Esta tecnologia, chamada pela Intel de “Near Threshold Voltage Processor” – NVTP (codinome Claremont) é um conceito de núcleo de processamento baseado em IA que pode ajustar o consumo de energia para um nível tão baixo que pode ser utilizado com uma pequena célula solar.
Isto poderia levar a uma computação mais “ambientalmente verde", aumentando assim a vida das baterias, e na criação de processadores com múltiplos núcleos com uma poderosa eficiência energética, com aplicações desde pequenos dispositivos portáteis, passando por desktops, servidores e supercomputadores.
De acordo com a Intel, o objetivo deste chip é aproximar-se do conceito de gasto de energia virtualmente nulo conhecido como near-threshold voltage (NTV),
além de demonstrar os benefícios de designs NTV, que prometem maior eficiência energética. A maioria dos projetos digitais opera atualmente com tensões nominais - cerca de 1V. Os circuitos NTV operaram em torno de 400-500 milivolts - muito perto da tensão “limiar” em que os transistores ligam e começam a conduzir corrente.
Trata-se de um desafio projetar circuitos eletrônicos de forma confiável com tensões tão reduzidas assim. Simplificando a questão, a diferença entre um "1" e um "0" em termos de níveis de sinais elétricos tornam-se praticamente inexistentes. Desta forma, uma variedade de fontes de ruído podem causar má leitura dos níveis lógicos, ocasionando falhas funcionais. O benefício, porém, é que o consumo de energia atinge um mínimo absoluto no regime NTV com uma melhora entre 5-10 vezes sobre a operação nominal. O principal desafio é o de dominar o benefício desta excelente eficiência energética advinda do NTV, enquanto atenua as perdas de desempenho.
Segundo a Intel, um dos objetivos da pesquisa no campo do NTV é de permitir a construção de arquiteturas com "consumo zero", onde o consumo de energia é tão baixo que poderia carregar dispositivos digitais com energia solar. Isso daria liberdade irrestrita para que se possa aposentar cabos de alimentação e carregadores. A pesquisa com o NTV é particularmente aplicável para o conceito de auto-alimentação de redes de sensores autônomos e monitores espalhados sobre o nosso ambiente, permitindo que os computadores "vejam" e inteligentemente "reajam" ao mundo que nos rodeia.
Finalmente, Justin Rattner destacou que a pesquisa em torno do NTV está amadurecendo rapidamente e o processador é um fator essencial para a Computação de Escala Extrema. Escala extrema significa obter o desempenho mais eficiente em termos energéticos pela energia gasta - alcançando desempenho 1.000 vezes maior com um gasto energético de apenas 10 vezes, ou talvez, desempenho 10 vezes maior, gastando apenas 10% do consumo de energia de um chip atual.
Com o conceito de NTV, poderemos finalmente ter em nossos bolsos, maletas e bolsas, equipamentos ultra portáteis ambientalmente conscientes capazes de processar trilhões de cálculos por segundo.