Você já deve ter lido dezenas de artigos sobre as últimas tecnologias para impressão de objetos tridimensionais – as famosas impressoras 3D. Contudo, percebendo que algumas pessoas ainda possuíam algumas dúvidas em relação ao assunto, Fernando José de Almeida (executivo de vendas na empresa Robotec, uma das mais influentes companhias brasileiras do ramo de prototipagem rápida e impressoras 3D) decidiu realizar uma palestra didática durante a Campus Party 2013 e sanar dúvidas sobre o tema.
Dando uma rápida apresentação acerca das primeiras tecnologias e conceitos de impressão tridimensional, Fernando simplificou o funcionamento do aparelho para quem ainda o considerava um bicho de sete cabeças. “É como um fatiador de frios”, comenta. “Uma impressora 3D, na verdade, imprime várias camadas 2D bastante finas e vai cortando-as para formar o objeto pretendido”.
Para imprimir qualquer coisa em três dimensões, o primeiro passo é ter em mãos o arquivo modelado em softwares do tipo CAD (como o AutoCAD, o CorelCAD e até mesmo o gratuito nanoCAD), que deverá ser salvo com a extensão STL – considerado o formato universal das impressoras 3D. “Existem diversas comunidades virtuais que disponibilizam STLs gratuitamente para qualquer pessoa imprimir”, comenta o executivo. Ele não poderia estar mais correto: já mostramos por exemplo, um projeto de robô que pode ser impresso em 3D, e cujos arquivos referentes aos braços já foram disponibilizados para download.
Tecnologias e dificuldades
Diferente do que muitos acreditam, imprimir objetos tridimensionais não se resume a simplesmente apertar um botão e ver a máquina trabalhando sozinha. “Essa imagem é algo que deve ser erradicada da mente das pessoas. Cada impressora 3D necessita de suas próprias configurações antes e durante a impressão, e é justamente por isto que o nosso foco agora é criar soluções que facilitem essa manutenção ao público geral”, explica Jefferson.
O especialista também apresentou algumas das mais variadas espécies de impressoras 3D, passando pela FDM – um dos tipos mais antigos que existem – até as modernas Ink Jets, bastante semelhantes com as impressoras domésticas de jato de tinta, e possibilita a impressão de objetos tridimensionais com até 180 mil cores. Obviamente, o custo para se manter um equipamento destes não é nada baixo, e Jefferson aponta que serviços de impressão sob demanda são a solução ideal para designers e empresas que querem materializar um conceito único sem investir muito dinheiro.
Aplicações práticas da impressão tridimensional
Contudo, mesmo com tantos avanços tecnológicos e investimento empregado no avanço das impressoras 3D, muitas pessoas ainda se perguntam sobre as reais utilidades deste tipo de equipamento. Jefferson aproveitou seu discurso para apresentar várias delas: criação mais rápida e barata de peças automotivas, desenvolvimento de objetos de engenharia, prototipagem para empresas de design e auxílio no campo da robótica.
“Existem aplicações até mesmo para a área de saúde”, afirma. “Alguns pesquisadores ao redor do mundo já desenvolvem tecnologias que permitem a impressão em material biocompatível, permitindo assim a fabricação de próteses de alta qualidade e custo reduzido”.
A próxima etapa para a popularização da tecnologia é a criação de impressoras 3D domésticas e que possam ser montadas pelo próprio usuário, possibilitando, inclusive, que as principais partes de uma nova impressora possam ser criadas dentro de uma primeira. “Obviamente, não é possível imprimir uma impressora 3D inteira dentro da outra, já que temos fios, rolamentos e componentes eletrônicos. Contudo, é inegável a possibilidade de impressão das principais peças que fazem parte desse tipo de aparelho”, alega o executivo.
Um bom exemplo disto são os kits RapMan, que trazem as principais peças que constituem uma impressora tridimensional e encoraja que o próprio usuário monte seu equipamento – e replique-o dentro do próprio. Voltado para professores e estudantes, esses kits já podem inclusive ser encontrados no Brasil custando aproximadamente R$ 6 mil.