Desde que me lembro os games de corrida vêm em dois tipos: simulação ou arcade. Raramente uma mistura dos dois. Mas a chegada de games como Grid e Forza Horizon fundiu estas duas categorias em uma interessante área cinza.
E agora temos Grid 2, que deverá deixar essa área cinza ainda mais cinza.
Consegui um breve hands-on no modo single player de Grid 2 outro dia (o modo multiplayer ainda não está pronto), e vi que o game claramente tem um pé no mundo real e o outro pé fincado fortemente na ilha da fantasia.
No início do jogo, você é um zé ninguém competindo na recém criada categoria WSR. Você tem um investidor te bancando, um carro barato e uma pequena oficina. Você começa em carros fracos competindo em eventos pequenos.
Mas você acaba ganhando reconhecimento internacional. Os patrocinadores aparecem e te dão metas a cumprir. Você participa de eventos maiores cheios de expectadores. Você ganha carros mais velozes e uma oficina maior. É um progresso parecido com o de um RPG.
Há uma seleção bem grande de carros no game, embora a lista oficial ainda não tenha sido divulgada. Em minha breve experiência, dirigi um BMW M3 E30, um BAC Mono e um Chevrolet Camaro. Cada carro tem suas características únicas de direção, mas não chegam a ter qualidade de simulação. Pensem em algo entre Need For Speed e Gran Turismo.
A Codemasters quis que fosse assim. Como Forza Horizon, eles queriam que os carros tivessem características dos carros de verdade, mas também fossem acessíveis. Quanto aos carros a que não conseguiram acesso, a solução foi recorrer a Chris Harris, que deu o feedback que as fábricas não deram. Ele dirige muitos carros, então faz sentido.
Eu joguei três modos. Primeiro uma corrida de eliminação, onde o último carro era eliminado a cada 15 segundos ou algo assim. Depois foi uma corrida de uma volta no Red Bull Ring. Por último foi um desafio de distância para ver quem chegaria mais longe. Eu gostei mais do segundo modo, mas seria legal poder dar mais de uma volta. Acredito que isto vá mudar na versão definitiva do jogo.
A demo que joguei não tinha níveis de dificuldade ajustáveis, que felizmente estarão no jogo pronto. Consegui escolher e jogar dois dos três níveis e vencer da primeira vez. Cheguei a ultrapassar sete carros em uma curva, em uma pista que não conhecia. Isto indica uma jogabilidade muito mais arcade que simulação.
Isto não quer dizer que o game não é divertido. Longe dissto. Mesmo que tenha vencido logo na primeira vez, eu quis jogar de novo. E gostei da física. Eu prefiro algo mais simulação do que arcade, mas mesmo assim o game é bem divertido.
Sei lá, tem algo em fazer drifts e bater em carros aleatórios que coloca um sorriso no seu rosto.
Falando em bater, a fibra de carbono se estilhaça e não amassa como o aço, o que é uma boa demonstração de atenção aos detalhes.
A Codemasters também se juntou à ESPN para dar ao game um toque de mundo real. Os desenvolvedores com quem conversei disseram que ter a cobertura do canal de esportes nº 1 do mundo (por mais que eles quase não falem de automobilismo) faz o jogo parecer mais realista. Me mostraram algumas cutscenes em live action que acontecem depois das corridas, onde personalidades da ESPN discutem o evento e o progresso da WSR.
Eu até entendi a intenção das cutscenes, mas elas me causaram um pouco de estranheza. Talvez não seja tão esquisito no game completo.
Outro problema: não tem visão do cockpit. Aparentemente só 5% dos jogadores usam, mas em um game de corrida moderno é uma omissão bem sentida. É a reclamação mais frequente que ouço e o game ainda nem foi lançado.
Quando joguei Forza Horizon pela primeira vez, me disseram que não era um jogo para quem queria ficar baixando tempos de volta. Era para quem queria pilotar. Fico tentado a encarar Grid 2 da mesma forma. O foco no automobilismo é mais evidente em Grid 2, mas a jogabilidade e o suposto modo multiplayer, que ainda não foi revelado, me faz acreditar que este jogo será o maior concorrente de Forza Horizon nesta nova categoria de "simuladores meio arcade ou vice-versa".
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