O papel das lan houses na inclusão social
Um dos assuntos mais discutidos pelos participantes durante a Campus Party Brasil 2009 foi a grande explosão do número de lan houses e cyber cafés, a legislação para esse tipo de empreendimento e a necessidade de reconhecimento, tanto por parte do governo quanto por parte da população, do grande poder de inclusão digital e cultural que as lans estão assumindo.
Para confirmar e ressaltar ainda mais o grande poder de inclusão digital que esses centros de acesso têm, Luiz Fernando Marrey Moncau, advogado e pesquisador da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro, adiantou alguns dados de uma pesquisa ainda em andamento que procura entender o fenômeno das lans. Em 2007, o acesso à internet a partir de lan houses ultrapassou o acesso doméstico: 49% contra 40% (Fonte: CGI – Comitê Gestor de Internet no Brasil).
Ainda segundo dados levantados pelo mesmo estudo, há mais lan houses (90 mil) do que livrarias (2.676) ou salas de cinema (2.300) no País. Entre elas, 100 estão na Favela da Rocinha, 30 na Cidade de Deus e 150 no Conjunto de Favelas da Maré, todas no Rio de Janeiro. “A lan house é uma importante e fundamental ferramenta para acesso à cultura e está revolucionando a inclusão e alfabetização digital”, comentou.
Moncau apresentou também alguns dispositivos da legislação de alguns municípios brasileiros, caso do Rio de Janeiro e de São Paulo, que dificultam o trabalho dos empreendedores da área. Fato confirmado com outro importante dado: 83% das lan houses brasileiras funcionam na informalidade. “As leis precisam tratar as lans a partir do seu potencial inclusivo e benéfico. A formalização desses estabelecimentos pode gerar uma onda de formalização para outros negócios e os custos da formalidade podem ser menores que os da informalidade”, concluiu.
Depois de uma hora ouvindo atentamente aos palestrantes e colegas, o amazonense João Orismar de Azevedo, que participou do Encontro de Lan Houses, na semana passada, na área de Inclusão Social da Campus Party Brasil 2009, acredita que a viagem até São Paulo valeu a pena. “Um encontro como esse é importante para a conscientização do governo e das pessoas. Somos criminalizados e colocados como culpados pela evasão escolar, por exemplo. Nunca veem nosso papel inclusor”, concluiu.